PESQUISA: Prefeito de Búzios

Por Sandro Peixoto

quinta-feira, 28 de abril de 2016

O Pote de Bombons



Por Sandro Peixoto


Mantenho no centro de minha mesa, um pote de vidro cheio de balas, chocolates e bombons. Não gosto de doces.Meu filho idem. O pote de doces serve para decorar a casa e para adoçar a boca dos convidados. É uma maneira barata de agradar  a quem me visita. Como tenho pouco para oferecer, acho simpática a idéia de ter doces no centro da mesa, a vontade para quem sentir vontade de comer. O pote é bem variado: tem balas de coco, de mel, bala mole, de hortelã, etc. Em meio a tudo isso alguns bombons. Desses caros, tipo Ouro Branco, Sonho de Valsa e Serenata de Amor.

Pois bem: quase todo mundo que pega um docinho no tal pote, escolhe de imediato, um bombom. As vezes dois. As outras balas só são escolhidas quando o ultimo bombom se foi. Alguém pode pensar que se trata da mal educação ou de olho grande. Mas não se trata  disso. A escolha pelo melhor é da natureza humana e sempre que alguém pega um bombom, tem meu respeito e a minha admiração. Querer o melhor para si é natural. Ninguém  sai de uma cama de molas para uma de prego. Ao contrário sim.

Foi esse sentimento egoísta que fez a humanidade melhorar as coisas.Criar um melhor chocolate, um carro mais possante e mais charmoso, uma carne sem gordura e assim por diante. O egoísmo é um sentimento importantíssimo para a evolução humana. Talvez o mais importante.

Sempre que abro o site do UOL ( Universo Online) ou Porta dos Fundos, por exemplo, e aparece um vídeo de publicidade, procuro assistir até ao final. Na segunda vez, não revejo o vídeo, mas deixo-o rodando até acabar. Não faço isso por bondade ou para ajudar o pessoal do site. Faço por egoísmo. Eles vivem da publicidade, quero que os mesmos ganhem grana  e se mantenham no ar.Não quero que acabem. Se puder fazer algo, faço!  O legal é que já me surpreendi muito com alguns vídeos. Tem muita coisa boa sendo feita na internet.

Gostar de um cantor e comprar CDs falsos e portanto mais barato do mesmo não é egoísmo. Isso se chama mesquinharia. Se você gosta de um artista, procure ajudá-lo a se manter.  Se você é torcedor de um clube, tente comprar camisas oficiais do mesmo. Ao agir assim, você estará ajudando a agremiação que gosta e com isso ajudando a si mesmo. Mais forte, seu time pode disputar o campeonato com mais chances e se for campeão, o titulo será seu também. Não adiante querer ficar somente com o lado bom da historia. Se dizendo campeão sem nada ter feito. Isso é um misto de oportunismo com mesquinharia. O egoísta de verdade é um altruísta por natureza.






O ser humano e suas idiossincrasias





Por Sandro Peixoto

Todos os erros e acertos de uma sociedade tem raiz na figura dos indivíduos que formam esta mesma coletividade. É a soma dos erros e acertos dos indivíduos que torna uma sociedade mais ou menos justa, honesta ou corrupta, pobre ou rica, forte ou fraca. O indivíduo é no fim das contas, o único responsável pelo destino da sociedade em que vive. Quanto mais bárbaros os indivíduos, mais bárbara será a sociedade. Quanto mais honestos os cidadãos, mais honesta será sua sociedade e assim por diante.

Faça um exercício critico. Olhe bem para seu prefeito. Veja se ele é responsável. Se é honesto. Se trabalha em benefício do povo, se é respeitoso com você, se lhe devolve os impostos pagos via obras e serviços, e se faz jus ao salário que recebe todos os meses. Se for, parabéns, certamente você também é assim. Afinal o líder nada mais é, que um reflexo dos liderados.

Porém, se acaso seu líder for corrupto, irresponsável, muquirana, sem vergonha, se não te respeita, se gasta o dinheiro dos contribuintes de forma desonesta com amigos, olhe bem para dentro de si mesmo e veja se você não e igualzinho?!?! Afinal ele foi posto naquele lugar por você. Talvez aquela figura que você rejeita, seja mais do que apenas um reflexo da sociedade em que você vive. Seja sua própria representação. Uma espécie de clone ético seu. Certamente por uma questão de sobrevivência, de auto-compaixão ou de simples cegueira, você relute em aceitar esse fato. No problems. Sua reação ao óbvio não mudará as coisas. Só as perpetuará por mais tempo.

O especialista em Inteligência Emocional Rodrigo Fonseca afirma que tudo começa e termina na pessoa. Termina em você, que está nesse momento lendo este texto. Só você pode mudar as coisas e por consequência mudar a si mesmo e o mundo em que vive. Mudando seus padrões de comportamento, você vai perceber que o mundo ao seu redor também mudará. Portanto: saia dessa letargia. Assuma seu lugar perante a sociedade. Grite. Se liberte dessas correntes que lhes foram impostas e aceitas por comodismo. Pare de aceitar as coisas como lhes disseram que elas são.


A síndrome do filho do caseiro     


Por Sandro Peixoto

A primeira vez que percebi esse sintoma ainda residia na cidade de Ilhabela, em São Paulo. Vindo de Recife, tomei um susto com a discrepância entre a renda dos filhos dos turistas e a dos nativos, e que mesmo assim, curtiam a vida como se fossem da mesma classe social. Todo final de semana era a mesma coisa: a Ilha recebia milhares de riquinhos que se misturavam com os caiçaras - que é como são chamados os moradores do litoral naquela região.

O encontro era bom para as duas "tribos". Os nativos conheciam praias, trilhas e cachoeiras. Além do mais eram amigos, irmãos ou primos das meninas da  cidade que se derretiam para os visitantes. Em troca, os filhinhos de papai geralmente pagavam tudo. Davam carona, compravam bebidas, drogas e organizavam as festas.

Eis que chega domingo à tarde e a separação se faz necessária. Os meninos da capital partem com seus pais para a rotina da metrópole. Na segunda tem escola, faculdade e trabalho pesado para poder pagar as contas dos finais de semana naquele paraíso chamado Ilhabela.

E os nativos?

Ah! Esses ficavam perdidos entre a realidade da segunda e a ilusão passageira das sextas, sábados e domingos. Duros e sem trabalho. Contando os dias para mais um fim de semana. Claro que essa não era a realidade de todos. Muita boa trabalhava para manter suas necessidades.Mas a verdade é que grande parte ficava anestesiada, esperando mais um fim de semana para poder brincar de ser rico.

Búzios, aldeia de pescadores que se transformou numa cidade internacional também sofre com as duas realidades. Essa doença tem até nome. Síndrome do filho do caseiro.
O sujeito não entende como aquele grã fino possa se divertir tanto, ter tantas mulheres bonitas, carros, lanchas, dinheiro e não trabalhar.Ele acha que o cara não trabalha!

Fica imaginando levar vida igual. Sempre se divertindo, sem fazer força, sem bater cartão.
Se na Ilhabela muitos se desviaram e partiram para o mundo do crime, em Búzios, a solução encontrada foi outra: arrumar uma boquinha na prefeitura. A emancipação da cidade caiu como uma luva. Gente que nunca trabalhou, que nunca chegou perto de 500 reais passou a ganhar mil, dois mil reais por mês, sem falta.

Foi como chegar ao paraíso. Morar em Búzios e ainda ganhar sem trabalho uma boa grana todo mês. Como diria um amigo, é até covardia.
Mas a síndrome cobra um preço. Afinal como se trata de uma doença, tem lá seus efeitos.
Quando perde a boquinha o cara não sabe fazer mais nada. Fica viciado em cargo público.
Passa a ser ‘oposição’ de mentira. Grita, finge ser a favor da cidade quando na verdade está apenas de olho no remédio salvador que caia todo mês em sua conta.









segunda-feira, 25 de abril de 2016


Palavras...

Por Sandro Peixoto


Quase todas as palavras consideradas ‘feias’, têm substitutas à altura. A única que não tem é catarro.
Nem venha querer trocar catarro por meleca.
Meleca é pouquinha, simplezinha e dá até para brincar com ela. Catarro é catarro e ponto final.

Caganeira, por exemplo: pode ser trocada por diarréia - que também não é lá essas coisas - mas, melhora e dá até para falar à mesa na hora do jantar.

A palavra cu não deve ser usada de maneira cotidiana. Mesmo porque, não é todo mundo que aprecia. Prefira ânus, dá no mesmo e todo mundo aceita. Experimente mandar fulano tomar no ânus. Ele nem vai se ofender. 
Cu ás vezes é usado como sinônimo de ruim.  Exemplo: aquele sujeito é um cu. 

Nunca entendi porque não é usado como antônimo, como uma coisa boa.... Deixa pra lá!

Boceta não é um nome feio, porém xoxota é mais simpático. Também pode se usar a original vagina (como termo médico), mas xoxota tem a pronúncia mais gostosa.

Perereca é meio vulgar e perecível. Dura apenas 12 anos. Depois vira xereca.
Xereca e perereca quem fala é criança e não são palavrões .

Grelo é o ó!  Nunca diga grelo.
Grelo só  é permitido naqueles momentos sem censura, bêbados entre quatro paredes. 
Em outros casos a única saída é clitóris. Ou será clítoris?  Mas isso é coisa para sexólogos.


Caralho, pau, vara, pica, cacete, piroca.
Tudo desapropriado. Melhor dizer pênis.

Mas pênis só serve para o membro em estado de repouso. Quando excitado é caralho mesmo! 
Mas há controvérsias. Nem tudo é o que pretende ser. Bilau é até bonitinho, mas não come ninguém.

Suvaco fedorento chame de cêcê e pronto.

Peido não pega bem. Se quiser fazer um comentário sobre o dito, diga pum ou flatulência que além de ser um nome mais elegante, mostra que você tem um bom vocabulário.
Mas se feder muito não tem jeito: é peido e ponto final. 

Pereba ao contrário do que você acha não é igual a ferida. É muito pior. Ferida quando vira pereba é foda.
Não achamos ainda uma definição simpática para pereba. Chagas não vale. Pereba é pereba e acabou! Se você tem uma tá fodido.

Merda é outra palavrinha chata. Bosta é simples. Fezes é mais polido. Excrementos é correto, mas é feio por demais. Cocô pode ser dito em qualquer lugar a qualquer hora. Simples, educado e fica parecendo bem limpinho.

Nunca diga que vai cagar na frente de uma dama, nem que vai largar um barro na louça. Seja educado. Diga que vai ao banheiro, sem fazer gracinha dizendo que vai demorar porque é o número dois. Melhor mesmo é não dizer nada.

Sacos e culhões são a mesma coisa. Prefira testículos.
Descarte ovos que além de chulo tem rima ruim. 

Mijar. Eis outra palavra feia. O ideal é nunca informar o que você vai fazer nessas horas. Se você é uma menina extrovertida, pode dizer que vai colocar a bichinha para chorar.  Ah, não!  Uma gata de verdade não faz essas coisas.
Quem mija é homem, mesmo sem vontade só com a intenção de colocar o pau pra fora e exibi-lo em um murinho qualquer.  Coisa de cachorro, segundo as mulheres.

Foda é outra palavrinha que muita gente acha feia. No entanto, não dá para trocar foda por transar e muito menos por ‘fazer amor’. Transar, fazer amor e fuder são coisas muito diferentes.

Se você não sabe disso, lamento muito, mas, você nunca fudeu.  Quem faz amor não goza.  Ou não sabe que nunca gozou. Transar é ótimo e pode ser leve, gostoso e até engraçado.  Fuder é pra quem gosta muuuiiito de sacanagem.  Quem fode mesmo mantém um bom humor...Tá sempre de carinha feliz!

Outro nome feio é remela. Prefira secreção. Aliás, secreção serve também para outros tipos de corrimentos.

Chulé está perdoado. Não é bonito, mas também não é feio.
Arroto tem um substituto que quase ninguém conhece. Chama-se eructação. Sabe aquele amigo mala que adora arrotar na mesa após as refeições?
Pegue ele: quando o animal acabar de comer, pergunte se ele sabe o que é eructação.
O coitado vai até esquecer-se de arrotar.



quarta-feira, 13 de abril de 2016

Pesadelo - Búzios



Por Sandro Peixoto

Hoje é 1 de janeiro de 2037. O prefeito Mirinho Braga assume mais uma vez a prefeitura de Búzios. Esse será seu 9º mandato como chefe maior do município. Em seu discurso de posse, o prefeito já com seus 75 anos afirmou que agora, mais maduro e experiente, vai fazer uma administração que será inesquecível para o povo buziano. Ao lado do seu filho Rafael Braga, deputado estadual pelo PDT, Mirinho prometeu construir duas creches no Bairro da Rasa, três em Cem Braças e mais três na Favela da Azeda. Disse ainda que desta  vez vai terminar a obra do Mercado Municipal do Artesão e a acostamento da Avenida Bento Ribeiro Dantas, onde semana passada tombou um caminhão. Sobre a favela da Azeda, que recentemente sofreu um incêndio criminoso que consumiu mais de 400 barracos, o prefeito afirmou que as mil e seiscentas famílias que moram no lugar, vão continuar lá.

- Infelizmente não posso transferir ninguém para a Favela da Ferradura, que como sabemos, está em situação calamitosa por causa das últimas chuvas que causaram vários desmoronamento.  O Ministério Público também não aceita que façamos a transferência para a Favela do Lixão, por causa da contaminação do lençol freático. Algumas pessoas sem experiência administrativa acha tudo fácil.Que basta querer. A vida  real e diferente. Queria eu poder peitar os chefes do tráfico da Rasa, os meninos do Crack. Estamos sozinho. Até o governo estadual negou apoio logístico. Não quer enviar Polícia. Tenho apenas dois mil guardas municipais para cuidar de tudo.E nem armas eles podem usar.

Sobre o orçamento herdado do ex-prefeito Evandro, Mirinho é só reclamação. O acusa de ter deixado uma dívida de 200 milhões somente com o INSS – coisa que Evandro refuta -  e todas as escolas e o hospital em total abandono. Mirinho ainda lamentou ter mais de 53% do orçamento  preso a folha de pagamento. Para ele, sobra muito pouco para a coleta de lixo e para as cartas convites. Já os vereadores eleitos não querem saber de desculpas. Apresentaram ao prefeito mais de seis mil nomes. Gente que espera uma vaguinha na prefeitura. Vagas essas prometidas na campanha.

-Veja bem: o município não é rico. Não dá para empregar todo mundo. Talvez metade. Temos apenas 960 milhões de Reais por ano. Isso para 150 mil moradores. O que significa pouco mais de seis mil reais por ano para cada morador. Dá no máximo  para fazer um governo feijão com arroz, coisa que sou craque. Construir algumas escolas, creches e praças. Mas com tanta gente empregada na prefeitura vai ser difícil. O lixo deve consumir somente esse ano, cerca de 100 milhões. Estou falando somente de coleta e varrição. Não sei como vou fazer para limpar as praias de Geribá e Tucuns. As outras não têm jeito mesmo. Querem que eu construa um presídio para trancafiar  nossos jovens perto de seus familiares mas não temos recursos. Se ainda tivéssemos aquele boom do turismo do passado. O fato é que a arrecadação com o setor caiu cerca de 58% nos últimos 20 anos. Não fossem os Royalties, teríamos que entregar o município para Cabo Frio, reclamou Mirinho.

Não deixa de ter razão o prefeito. Realmente o turismo que por anos foi a grande fonte de empregos e renda no município acabou. Com as melhores praias da cidade totalmente poluídas, os turistas sumiram e o setor encolheu. Até os navios transatlânticos desapareceram. Hoje temos apenas turismo religioso. A capela de Nossa senhora Desatadora de Nós, na Fazendinha, é hoje a principal atração turística da cidade. Os peregrinos porém, não vão mais ao Centro da cidade. Para piorar, a área destinada para a criação do Parque da Costa do Sol pelo ex-governador Sérgio Cabral e pelo ex-secretário de Meio Ambiente Carlos Minc em 2011, virou uma enorme favela. Aumentando a violência e espantado de vez o turismo.

-Muita gente pensa que é fácil ser prefeito de uma cidade tão complicada como Búzios. Onde 25% da população é semi-analfabeta, onde o nível de desemprego bate a casa dos 30%, com centenas de cortiços e com seis favelas aonde moram mais de 80 mil pessoas. Só me candidatei novamente porque amo muito essa cidade. Estava vivendo tranquilo em Bariloche, onde tenho alguns empreendimentos hoteleiros. Sou um filho da terra que decidiu dedicar a vida para cuidar dos buzianos. Assim agi desde meu primeiro mandato em 1997, 40 anos atrás. Ninguém pode negar que tudo que existe em Búzios foi eu quem fiz. Somente a oposição e o Perú Molhado não enxergam essa verdade, finalizou o prefeito.


OBS: escrevi esta fábula enquanto voava em direção a Buenos Aires, a 18 mil pés e a 650 Km/h na última terça-feira. Acho que o ar rarefeito confundiu meus neurônios.

Graças a Deus





Por Sandro Peixoto


No meu mundo, ou seja, no meu entorno, quase todo mundo agradece a Deus pela mais simples realização.Pessoas fracas tendem a imputar ao sobrenatural a mais simplória das situações. Pode ser o episódio mais bobo que Deus é chamado para resolver ou receber o mérito. Outro dia, uma senhora que trabalhava numa loja ao lado da Praça Santos Dumont foi até meu quiosque e pediu um maço de cigarro. Ao receber o pedido ela saiu correndo e ainda no meio do caminho gritou: daqui a pouco te pago, e foi embora. Eu sabia aonde ela trabalhava e dois dias depois  fui até seu trabalho cobrar.  Para minha surpresa ela veio com a seguinte idéia. Se Deus quiser te pago amanhã.

Nananinanão, retruquei. Se Deus quiser nada! Volte lá e pague o seu cigarro. Lógico que a temente não voltou. Dois dias depois fui taxativo. “Ontem falei com Deus e ele ( ou ela, sei lá) mandou você pagar o que me deve.” Mais que de repente a moça tirou dinheiro da carteira e pagou a dívida sem pedir troco. Confesso que fiquei impressionado. Jamais havia visto alguém com tanto medo de Deus e no momento, passei a acreditar que quem diz ‘ se Deus quiser’ acredita piamente no que fala. Mas a frase “ Se Deus quiser” apesar de usual perde de goleada para o “Graças a Deus,” e por isso bolei uma lista como a exclamação. De imediato, rogo ( para usar uma palavra  comum ao meio) que ninguém me amaldiçoe afinal, repito apenas o que escuto e sinceramente não gosto.

Graças a Deus meu time venceu, graças a Deus recebi meu salário, graças a Deus o câncer de minha irmã está regredindo, graças a Deus a coca-cola está gelada, graças a Deus caguei hoje cedo, graças a Deus a menstruarão de minha namorada desceu, graças a Deus o ônibus chegou no horário, graças a Deus vendi bem hoje, graças a Deus escapei do acidente aonde morreram 14 pessoas, graças a Deus está chovendo, graças a Deus não choveu hoje, graças a Deus o bolo não solou, Graças e Deus meu IPTU não aumentou, graças a Deus  a Dilma ainda não caiu, Graças a Deus o Cunha não caiu, graças a Deus terminei este texto.


 Eu acho tudo isso engraçado e você, graças a Deus acha o quê?

Situações hipotéticas, nem tão hipotéticas assim




Por Sandro Peixoto

A saúde pública é uma vergonha bradou um homem com um copo de cachaça numa mão e um cigarro aceso na outra. Esse juiz é um ladrão gritou um torcedor vestido com uma camiseta falsa do seu time minutos depois  de pular a roleta do estádio. A cidade está um lixo, reclamou uma senhora no momento em que depositava um saco de detritos na calçada logo  após o caminhão da coleta ter passado. As escolas da cidade não ensinam nada, criticou uma mãe revoltada que jamais olhou os cadernos da filha. As drogas ainda vão acabar com a juventude profetizou o pai que ainda nos anos 80 fumava maconha com a esposa na frente das crianças.

As vezes tenho a ligeira impressão que a maioria das pessoas, ao menos as que conheço, vivem num mundo paralelo à própria realidade. Ou se sentem como simples espectadores no teatro da própria vida. Atuam, mas agem como se estivessem apenas assistindo a banda passar. O hospital está lotado porque as pessoas comem, bebem e fumam demais. O juiz é ladrão visto que o torcedor aceita ganhar roubando e quando o juiz ladrão erra ( ou rouba) para o time dele, tudo bem. A cidade está sempre suja porque por mais que se limpe, sempre tem alguém jogando lixo nas ruas e nas esquinas. A educação é ruim porque as famílias largaram as crianças para o Estado. Primeiro para a escola, depois para a polícia.


O consumo de drogas está cada vez maior por motivos diversos e um desses é que a geração hippie se acostumou a puxar um  fuminho dentro de casa a qualquer hora e na frente das crianças. Sempre foi coisa normal para pais liberais. Hoje é assim: o pai bebe whisky, a mãe toma prozac e os filhos fumam maconha ou cheiram cocaína. Na sociedade moderna, cada um com sua droga e o Estado com a conta. Só que o Estado não dá mais conta. A soma ficou pesada demais. Como a Constituição resolveu dar tudo de graça para os pobres na terra brasilis, eles usam e abusam. Qualquer serviço de graça é ruim. Ruim para quem dá( pois nunca é suficiente) e ruim para quem recebe, pois ao não ter em mente o valor da coisa, a pessoa em geral abusa.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Verdades e mentiras




Por Sandro Peixoto


Nos anos 1980 o jornal Folha de São Paulo tinha na TV uma propaganda muito interessante. A tela continha pequenos pontos pretos e ao fundo um narrador falava sobre o líder político de um certo país. Enquanto os atributos do tal líder eram detalhados, os pontos iam diminuindo, formando uma figura. O narrador só discorria  sobre virtudes de tal pessoa e para espanto geral, quando finalmente a imagem era revelada, o que se via era o rosto de Hitler, uma das figuras mais sanguinária da história. Finalizando o comercial, o narrador alertava: cuidado com o jornal que você lê, pois é possível dizer muitas mentiras falando apenas a verdade.


Eu mesmo passei por essa situação. Tive um sócio argentino quando arrendei por três anos, a Pousada Estalagem, na Rua das Pedras, em Búzios. Conheci meu sócio numa praia da cidade e ele sempre me pareceu correto. Sem falar que era uma simpatia. Um dia fui a Buenos Aires acertar alguns detalhes da sociedade e lá descobri que ele atuava no ramo dos leilões públicos. Com a máfia dos leilões, melhor dizendo. Para cada pessoa que chegava à nossa mesa, ele contava  uma historia diferente tendo como base uma verdade.


Tínhamos sim uma pousada e um bar em Búzios porém, de acordo com o interlocutor esse bar dava lucro ou prejuízo. Era um negócio bom ou péssimo. Uma hora era um sucesso, noutra, um fracasso. O pior que era tudo verdade pois quem viveu a sazonalidade dos anos 90 em Búzios me entende. Mas a cereja do bolo foi quando ele contou para uma pessoa (a quem devia grana) a seguinte história: Búzios é tão perigoso que contratamos um palestino para fazer a segurança da nossa pousada. Para dar peso a sua afirmação, olhou para mim e categoricamente disse: está  aqui meu sócio que não me deixa mentir.  Eu claro, balancei a cabeça de modo afirmativo.


A história era verdadeira e era mentirosa. Quando ele disse ‘palestino’ quis dizer, ou tentar passar a intenção que tínhamos um terrorista, um homem bomba na segurança da casa. De verdade tínhamos um palestino, amigo meu, na portaria. Que apesar de ter quase dois metros de altura era um doce de criatura. Incapaz de qualquer ato de violência. Aceitou o trabalho apenas por precisar. Não levantava a voz, não sabia lutar e muito menos montar uma bomba. Relembro esses fatos porque o Brasil está passando politicamente um momento onde a mentira é tida como verdade inconteste.


Na tentativa de derrubar a presidente Dilma, a oligarquia do Brasil mente de maneira deslavada. Pior ainda: agride a legislação, fere a constituição e mata a justiça. E por incrível que pareça com apoio de quem deveria cuidar da legislação, honrar a constituição e zelar pela justiça. O impeachment não é por si só ilegal. Está previsto na Lei. Na constituição. O que é ilegal é o modo em que está sendo conduzido. Sem que a presidente tenha cometido crimes passiveis de tal.  Apenas por raiva do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha Mais Sujo que Pau de Galinheiro.
Dizer que impeachment não é golpe pois é previsto em Lei é o mesmo que afirmar que no Brasil a Pena de Morte pelo estado é permitida ( e não é) pois está prevista na Constituição – em casos de crime de guerra. 


Tenho por regra a seguinte opinião: quem deve tem que pagar, mas não aceito vazamentos seletivos, execração pública, acusação sem provas e julgamentos sem o devido respeito as leis e as normas. Não faço isso “por eles” e sim por mim. Não quero ser a vítima de amanhã. Você que acha normal um  juiz ferir a lei apenas por se sentir na obrigação de salvar o país, fique atento. E não venha reclamar se o raio cair em sua cabeça. O Brasil está em guerra. Uma guerra política e midiática e numa guerra como bem sabemos, a primeira vítima é sempre a verdade.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

A praga

 


Por Sandro Peixoto


O planeta terra têm atualmente mais de 7 bilhões de pessoas. Escrevo terra pois não sei a população real de Marte, ou Saturno. E o cálculo não para de crescer. Apenas enquanto vocês leu essas duas linhas e meia, nasceram mais 9 crianças no mundo. Somente na Índia nascem 33 crianças por minuto e em pouco tempo o país de Gandhi ultrapassará a China e será o mais populoso do mundo. Neste ritmo, os estudiosos calculam que já em 2050 seremos 10 bilhões de indivíduos. Gente demais principalmente em áreas por demais carentes e  com isso, as migrações tendem a aumentar. O ser humano já virou uma praga. Aonde chega destrói tudo ao redor. Dentro de alguns anos, fazer filhos poderá ser considerado crime ambiental, tal o poder de destruição que carregamos.   


Alguns idiotas que se colocam com fervor religioso contra a homossexualidade  de alguns bradam que a seguir neste ritmo, a humanidade correrá risco pois dois homens (mulheres como têm óvulos podem se reproduzir usando a clonagem) não se reproduzem. Verdade. Mas se os homossexuais não se reproduzem como é que cada vez têm mais? Mas a discussão não é essa. Botei os gays na história apenas para dar mais ibope. Sabe como é: temos que escrever para todas as matizes senão corre-se o risco de ser tachado de preconceituoso.


Voltemos a praga humana. Para sorte do planeta, nos países ricos e civilizados a população cresce cada vez menos. Portugal, por exemplo. O índice demográfico dos lusitanos está em franca decadência. Já em países pobres e religiosos o crescimento populacional é fora do controle. A taxa de fecundidade em alguns países mulçumanos é de 6 filhos por casal. Os portugueses estão sumindo do mapa e daqui a pouco haverá mais portugas em terras tupiniquins que às margens do Rio Tejo. Não será nada de novo afinal, residem no Brasil mais libaneses que na terra natal. A comunidade libanesa que vive no Brasil, formada em sua maioria por descendentes, é maior do que a população do Líbano. São quase 10 milhões de libaneses e descendentes em território brasileiro, contra 3,5 milhões que vivem no Líbano.


O engraçado, ou trágico como queiram, é que essa verdadeira praga chamada humanidade ainda tem a petulância de se dizer a copia fiel do criador. Só se Deus fosse um gafanhoto. Não sei se é para rir ou para chorar.



sábado, 2 de abril de 2016

Valores




Por Sandro Peixoto

Tenho um amigo que trocou de médico particular porque o mesmo teimava em deixá-lo esperando. Deve ser realmente um transtorno pagar caro por uma consulta, chegar antes do horário e ficar mofando numa cadeira enquanto seu contratado está atendendo outros pacientes. Aliás, o termo paciente vem mesmo ao caso quando se trata de atendimento no Brasil. E serve para médicos, advogados, juízes, mecânicos, pintores, pedreiros, cabeleireiros, técnicos em computação, instaladores de antenas, de linhas telefônicas, de TV a cabo, etc. Quase ninguém chega na hora combinada.


Na música Sei Lá, de Toquinho e Vinicius ainda na primeira estrofe a dupla lembra que “a gente mal nasce, começa a morrer.” E fato a gente não nasce, começa a morrer e portanto, o que chamamos de vida, de historia de vida é exatamente o que você faz  com o tempo que você recebeu entre  a primeira e a ultima respiração. O tempo na verdade, é o bem mais precioso de nossas vidas. Ninguém, nem mesmo seu médico tem o direito de roubar se tempo. Você no entanto, o gasta como bem entender. Tem gente que  desperdiça o mesmo deitado num sofá cheio de ácaros assistindo o Programa do Faustão.



Preciosa também é nossa liberdade. E ela vale tanto, mas tanto que quando saímos da legalidade o Estado te tranca numa cela imunda. Toma-te a liberdade. O único bem que pode ser trocado por um crime. Em alguns países, quando o dolo é grande demais, como latrocínio (roubo seguido de morte) a pena é de morte, ou seja, o único preço maior que a liberdade que alguém pode pagar. Portanto vamos procurar dar mais valor ao  nosso tempo e  nossa liberdade. Vencer na vida não é ter o melhor carro, a mulher mais peituda, casa de luxo ou celular da moda. Não se mede o valor de uma vida por coisas materiais. Procure se conhecer melhor e aproveite seu tempo e sua liberdade