Por Sandro Peixoto
Em
Olinda, Pernambuco, havia um bar próximo à uma faculdade que tinha galetos como
prato principal. Seus franguinhos “ao primo canto” assados na brasa eram disputados pelos alunos e também
por turistas curiosos pela fama do local. Por anos, esse bar reinou sozinho.
Eis que um empresário resolveu abrir um bar ao lado e sabendo da preferência
dos consumidores locais, também escolheu galetos - como atração principal.
Copiou o cardápio do vizinho famoso e de maneira arrogante tascou numa placa
bem no alto da fachada: O MELHOR GALETO DO MUNDO.
Cacete!
O sujeito recém havia inaugurado seu bar e já se intitulava o melhor do mundo.
Quanta arrogância... A quem ele queria enganar? A si mesmo, ou aos incautos turistas
que não conheciam a história da casa? A clientela tradicional deu de ombros e a
nova casa não conseguiu atrair ninguém da faculdade. Nem do Corpo Docente e muito menos do Corpo
Discente. O dono do tradicional bar porém, não gostou nada da arrogância do
novo vizinho e resolveu contra-atacar.
No
entanto, o fez de maneira elegante e sucinta, modos que aprendeu convivendo com
os estudantes. Sabendo o que tinha em mãos, afinal, ele mesmo temperou por anos
seus famosos galetos, mandou colocar uma faixa na marquise de seu bar. Quando o
dia amanheceu letras garrafais informavam. O MELHOR GALETO DESTA RUA. Pronto. Não
havia mais o que se discutir. Já não importava de verdade se o concorrente era
o melhor do mundo. O mundo é grande demais para tal afirmação. O que importava
para todos que frequentavam o lugar era saber qual galeto era o melhor daquela
rua. E há anos havia um consenso quanto a isso.
Claro
que “o melhor galeto do mundo” fechou as portas meses depois. Nenhuma
mentira se sustenta por muito
tempo. Quando a faixa ficou puída e finalmente caiu, o vencedor nem pensou em
colocar outra. A verdade havia vencido. Aqui em Búzios aconteceu algo igual. Um
empresário abriu uma creperia na Rua das Pedras ao lado do famoso Chez Michou -
até então com 25 de anos de vida – e tascou em sua fachada: 33 anos de
tradição. Nem preciso dizer o que aconteceu.
O
que quero mostrar com os exemplos acima é que de nada adianta você criar um mundo irreal para sua vida. Se
mentir sobre si mesmo vai viver num mundo de fantasia e de aparências- algo que
certamente te fará triste. Outra coisa: não adianta ser importante para o
mundo. Seja bom para seus parentes, para seus amigos, vizinhos e conhecidos. Esqueça o mundo. Seja
alguém legal em sua aldeia. Se agir assim, você será bom para o mundo inteiro.
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