PESQUISA: Prefeito de Búzios

Por Sandro Peixoto

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Um político e seu ocaso


Volta Mirinho?

   

Esta eleição para prefeito veio para comprovar o que já se sabia: Mirinho Braga, o outrora animal político de Búzios, já não é mais imbatível. Para quem não conhece a história política da cidade, Mirinho se elegeu pela primeira vez em 1996 (assumiu em 1997) e se reelegeu 4 anos mais tarde ficando no comando até 2004, quando deu espaço para o então candidato do PMDB, Toninho Branco. Voltou ao poder em 2009, ao tirar de Toninho, a chance de reeleição. Se a história fosse seguir seu curso natural, Mirinho seria novamente reeleito em 2012, mas foi atropelado pelo atual prefeito André Granado. Até aquele momento, Mirinho era tido como invencível aos olhos de muita gente boa da cidade. As urnas, no entanto, provaram o contrário.


Mas o que fez Mirinho perder seu poder eleitoral? Explicações existem aos montes. Um dos motivos alegados é que a sociedade havia mudado. Os nativos, principal alvo político do candidato, já não representava a maioria. A imigração dos últimos anos, provocada graças em parte ao estilo político/paternalista do grupo do prefeito havia inchado a periferia com imigrantes da baixada fluminense e das regiões norte e noroeste Fluminense - basicamente das cidades de Campos e Macaé. Outro motivo alegado seria a insistência de Mirinho em fazer campanha sem profissionalismo. Usando seus amigos para fazer a campanha, para pensar e trabalhar, coisa que a maioria não sabe e não gosta.


Para ter uma ideia, até hoje o jingle do candidato é o mesmo e o único mérito elencado na indefectível canção é que ele é daqui. Ou seja, ele prega que é nativo como virtude, para um eleitorado que não é nativo. Beira o preconceito raso. Pela lógica da canção, só Mirinho, que é nativo, pode governar a cidade. Governar para os deles, diga-se de passagem, pois sempre que Mirinho discursa repete que quer devolver Búzios para os buzianos ?!?!?!?! Não à toa, o slogan de sua coligação é “Volta Búzios!”.


Tudo na vida tem um preço. Mirinho virou um anão político no dia em que mesmo inelegível, vendeu seu mandato em troca de uma liminar que o tornou candidato. Se inscreveu, foi eleito, diplomado, empossado e cumpriu 4 anos com uma liminar embaixo do braço. Isso custou seu futuro político pois para ganhar de qualquer maneira teve que aliar a personagens nefastos como Ruy Borba e com os especuladores imobiliários, que lhe indicaram o vice. Ao se afastar do grupo que o elegeu por dois mandatos, Mirinho perdeu o primeiro e não ganhou o segundo – que só queria um fantoche no poder para aprovar condomínios com o dobro de casa, para ganhar dinheiro fácil.


Mirinho sempre foi um mau líder. Não por questão de personalidade e sim, por ter aprendido a fazer política no PDT. Os chefes ( donos) do Partido Democrático Trabalhista jamais deram espaço para novas lideranças. Foi assim no Rio de Janeiro com Brizola, que só largou o osso quando morreu. Marcelo Alencar, César Maia e Garotinho tiveram que sair do PDT para ter espaço. Se um dia alguém perguntasse a Leonel Brizola se ele era do PDT, bem que poderia ouvir como resposta “sou-lo”.


Esse modo de fazer política acabou por sangrar Mirinho. Hoje ele é um líder sem liderados. Arrasta atrás de sí meia dúzia de gatos pingados. Os principais nomes políticos da cidade que ficaram a sua sombra nos últimos tempos mudaram de partido em busca de luz própria. Alexandre Martins e Felipe Lopes, candidatos à prefeito contra Mirinho são a mais perfeita tradução dessa afirmação. Para o bem da cidade, perderão todos.